A existência dos escritórios no período pós-pandemia tem sido colocada em xeque por diversas pessoas. Profissionais dos mais diversos setores temem que haja uma debandada dos ambientes administrativos em direção ao trabalho remoto. A notícia, obviamente, assusta aqueles que vivem da locação desses espaços.
A realidade, entretanto, não parece seguir esse pensamento, caminhando para uma solução mais intermediária. Pelo menos é isso o que indica um estudo realizado pela Cushman & Wakerfield. De acordo com o documento, baseado em dados coletados em 2020, a situação poder ser diferente do que se espera.
Quando a pandemia do novo coronavírus se iniciou, ninguém sabia ao certo quais seriam seus efeitos. Mais do que isso, poucos eram os que esperavam que duraria mais de um ano. Isso, na prática, fez com que muitas coisas mudassem, tanto no ambiente familiar quanto no profissional.
Com todas as mudanças, trabalhadores que estavam acostumados a frequentar os escritórios passaram a trabalhar de casa. De positivo, perceberam o maior contato com a família, mais tempo livre e menos no trânsito. De negativo, porém, ficou clara a necessidade de interação com os colegas e a dificuldade de concentração em casa.
O embate entre o trabalho presencial e o remoto cresceu cada vez mais. De um lado, os que defendiam a possibilidade de exercer suas funções do conforto de seu lar. Do outro, aqueles que não se sentiam motivados em casa, precisando ir ao escritório para cumprir com suas atividades.
Nesse momento, empresas que nunca haviam utilizado do home-office liberaram a opção a seus colaboradores. Com isso, acabaram por perceber que a tecnologia possibilita, hoje, que as tarefas sejam executadas da mesma maneira, independentemente da localização de cada um.
Em um primeiro momento, a grande maioria dos trabalhadores acolheu o trabalho remoto como sua nova realidade. Podiam acordar mais tarde, vestir roupas mais confortáveis, não ficavam presos no trânsito. Com o passar do tempo, porém, perceberam que nem só de boas notícias era feito o home-office.
Ficar trancado em casa — ainda mais com a quarentena vigente — trouxe danos psicológicos a diversos trabalhadores. Ansiedade, depressão e outras doenças começaram a aparecer, principalmente pelo receio da situação e a falta de contato. Faltava a interação com os colegas, o café no meio da tarde, uma conversa rápida.
Uma alternativa discutida, então, é a do chamado trabalho híbrido. Nesta opção, os colaboradores terão que frequentar os ambientes corporativos, mas poderão também exercer o home-office em algumas ocasiões. Voltando ao estudo feito pela Cushman & Wakerfield, é possível entender melhor como se dará esse retorno.
De acordo com a pesquisa, 56% dos entrevistados afirmaram que não utilizavam o trabalho remoto, mas o adotarão a partir de agora. Mesmo que isso faça parecer que o trabalho presencial deixaria de existir, outros dados dão a entender que a realidade é bastante diferente.
Ainda neste tópico, 42% disseram que, no caso de trabalho híbrido, oferecerão o home-office entre 2 e 3 dias por semana. Dessa forma, mesmo com a adoção da modalidade, ainda assim será necessário um espaço físico. Afinal, no restante dos dias, a empresa terá que prover um ambiente para que seus colaboradores possam trabalhar.
Ainda que a existência dos escritórios no período pós-pandemia já seja uma realidade, há muitas dúvidas sobre o assunto. Diversas pessoas acreditam que, ainda que se mantenham vivos, eles serão cada vez menores. Outros entendem que deverão passar por adaptações para a saúde e o bem-estar dos colaboradores.
No geral, a experiência com o home-office foi considerada positiva pelos entrevistados do estudo. 29% deles afirmaram que esta foi totalmente positiva, enquanto 54% disseram que apresentou mais pontos positivos do que negativos. Apenas 1% dos executivos entenderam que o processo foi totalmente negativo.
Com vistas aos novos padrões de segurança vigentes, o distanciamento social se torna uma nova realidade. Tendo isso em mente, 42% dos entrevistados confirmaram que apenas farão as mudanças durante a pandemia. 27% deles, porém, afirmam que as alterações serão definitivas.
Como visto nos dados apresentados pelo estudo, a visão de que empresas deixarão os escritórios no pós-pandemia não bate com a realidade do país. Ainda seguindo a lógica da pesquisa, é preciso, porém, investir no espaço de trabalho para que toda a equipe esteja segura. Esse processo, entretanto, deve ser feito sempre junto a especialistas.