ambiente de um escritório pensado em neuroarquitetura

Você já ouviu falar em neuroarquitetura? Ela é uma área da ciência responsável por entender como os ambientes podem influenciar no comportamento humano. Por isso, a metodologia vem sendo aplicada em hospitais, escolas e, principalmente, empresas. Aprenda a utilizar a neuroarquitetura corporativa no seu escritório para colher bons frutos.

Com um nome tão “pomposo” como este, é possível que, inicialmente, você venha a se assustar sobre essa metodologia. Mas calma, pois ela é bastante simples! Tão simples que vem sendo utilizada por diversos ambientes há mais de 60 anos, e a sua aplicação cada vez mais vem ganhando novos adeptos.

Basicamente, a neuroarquitetura implica na construção de ambientes que proporcionem o bem-estar daqueles que ocuparão determinado espaço. Podemos mencionar prédios que ajudam a reduzir a ansiedade, salas de aula que incentivam o interesse dos alunos e até mesmo clínicas ou hospitais que reduzem dores de seus pacientes e estimulam a sua recuperação.

E não, não estamos falando de feitiçaria. E sim, de estudos, testes, análises e discussões que foram realizados comprovando as razões da existência da área.  No seu segmento, temos neurocientistas, arquitetos e outros especialistas trabalhando lado a lado para cumprir essa tarefa.

Por isso que, ao projetar qualquer ambiente, não subestime as escolhas dos profissionais sobre as texturas que serão utilizadas, os ângulos das janelas e outros componentes voltados ao projeto arquitetônico, por exemplo. Pois, tudo ali será milimetricamente pensado na qualidade de vida e produtividade que serão proporcionados.

Neste artigo, vamos te explicar detalhadamente como a ciência é capaz de influenciar o comportamento humano, quais práticas podem ser aplicadas e, principalmente, como aumentar a produtividade na sua empresa com as regras e conceitos científicos da neuroarquitetura corporativa que serão apresentados aqui.

Ficou curioso? Então basta acompanhar a leitura para saber mais!

Neuroarquitetura corporativa:  Entenda mais sobre o seu conceito

Imagine o projeto de uma escola que seja capaz de estimular o aprendizado de seus alunos. Ou como a estrutura de um hospital pode proporcionar aos seus pacientes menos dores e uma recuperação mais rápida. Estes são alguns exemplos que podem situar você sobre o conceito e a importância da neuroarquitetura. 

Mas caso ainda não tenha ficado claro, explicaremos de uma vez só: a neuroarquitetura é um método interdisciplinar que tem como principal objetivo entender a forma como o meio pode transformar a química cerebral das pessoas e, dessa forma, conseguir modificar as suas emoções, comportamentos e/ou pensamentos.

ambiente de um escritório pensado em neuroarquitetura
Alguns dos fatores que influenciam diretamente em projetos de neuroarquitetura corporativa são: a temperatura, ventilação, cores utilizadas no ambiente, entre outros.

Entenda que a neuroarquitetura pode ter funções muito além daquelas que você pode imaginar. Da mesma forma que traçamos a sua aplicação nos exemplos supracitados, também podemos aplicá-la a um ambiente de trabalho: um escritório ou espaço de trabalho capaz de estimular a produtividade de seus colaboradores, neste caso específico. 

Segundo o que contou a arquiteta e especialista em neuroarquitetura, Priscilla Bencke, ao site Arch Glass Brasil: 

“o estudo traz, através de explicações biológicas e racionais, a maneira como o espaço físico impacta diretamente no nosso cérebro e consequentemente muda o comportamento humano”. 

Isso acontece porque as interações da arquitetura com o nosso cérebro podem ocorrer conscientemente (ou inconsciente), sendo capazes de alterar o nosso comportamento, emoções, entre outros. Então, o estudo visa o desenvolvimento de ambientes que consigam conversar harmonicamente entre as pessoas e entre si.

O resultado consiste em proporcionar espaços que deixem o cérebro das pessoas mais produtivos, sociáveis, felizes, criativos, etc. 

Você deve estar se perguntando, “mas quando é que esse conceito surgiu?”, não é mesmo? Então, continue a leitura para entender sobre o nascimento da neuroarquitetura.

A origem da Neuroarquitetura

A neuroarquitetura é diretamente ligada ao estudo da neurociência, por isso recebe esse nome.

Entretanto, a sua aplicação é exclusivamente voltada ao segmento arquitetônico, demonstrando a forma como ambientes físicos podem afetar o nosso cérebro. Assim, oferecendo soluções resolutivas na qualidade de vida dos envolvidos que circularão naquele ambiente, como escritórios, hospitais, escolas e até mesmo, a sua própria casa. 

Oficialmente, o nome “neuroarquitetura” começou a ser utilizado uma vez que os seus estudos foram cada vez mais intensificados, culminando no surgimento de um órgão oficial (que você saberá mais sobre ele na próxima seção).

fred gage
Fred Gage (foto) é o neurocientista responsável pela criação do termo e dos principais estudos realizados sobre a neuroarquitetura. Atualmente, Fred exerce a posição de presidente do Instituto Salk, a principal entidade america voltada a estudos biológicos.

O termo surgiu a partir de pesquisas e descobertas de dois grandes profissionais, o neurocientista Fred Gage e o arquiteto John Paul Eberhard. Gage, neurocientista do Salk Institute for Biological Studies, foi capaz de atestar que os ambientes possuem poder de transformar certas capacidades e sensações cognitivas do cérebro humano. 

Ele inicialmente foi atraído à temática pelo seu interesse nos estudos do ambiente. A partir de observações, Gage conseguiu comprovar os efeitos no cérebro causados por mudanças nos cenários. O seu principal estudo foi centrado em entender como cérebro absorve, interpreta e consegue reconstruir os espaços que observa.

Segundo o neurocientista:

“As mudanças no entorno mudam o cérebro e, portanto, modificam o nosso comportamento”.

O desenvolvimento de ambientes pensados na metodologia do estudo de Gage faz com que o nosso cérebro consiga colocar em prática todos os elementos capazes de produzir hormônios que desenvolvem sensações e emoções.

Estudos de Neuroarquitetura

A ciência por trás da neuroarquitetura envolve pesquisas multidisciplinares no exterior com cientistas, médicos e arquitetos especializados na temática. Seu estudo é tão relevante que um órgão foi criado para validar as constatações científicas: a ANFA, Academy of Neuroscience for Architecture (Academia de Neurociência para a Arquitetura, em tradução)

logo da anfa
Boa parte das pesquisas realizadas pela ANFA contam com testes através de ressonância magnética. Este aparelho é capaz de analisar a ativação de áreas do cérebro quando uma pessoa enxerga determinada imagem ou local.

A ANFA é responsável por estimular o conceito de neuroarquitetura e promover a troca de discussões temáticas sobre a sua aplicação nos campos da neurociência e da arquitetura. De 2 em 2 anos, todos os profissionais associados com o órgão participam de conferências a fim de expandir os seus novos resultados obtidos através de experiências e estudos. 

Criada em 2003, em San Diego, na Califórnia (Estados Unidos da América), a ANFA foi amplamente ancorada nos estudos realizados por Gage e Eberhard realizados, ainda, durante a década de 1990. Na época, a neuroarquitetura ficou conhecida como “a década do cérebro”.

Sobre os estudos no Brasil, você pode obter mais informações aqui.

Arquitetura como influenciadora de aspectos psicológicos e sociais nos ambientes profissionais

Segundo estimativas, é possível afirmar que a maior parte dos seres humanos passam mais de 90% de seu dia a dia dentro de um edifício. Bastante tempo, não concordam? Sabendo somente dessa informação, é inegável o tamanho da importância de ambientes aconchegantes para os trabalhadores. Por isso, é necessário o desenvolvimento de espaços que consigam gerar bem-estar para todos.

dois lados do cérebro
O cérebro é dividido em dois lados: a lógica e a criatividade. Podemos afirmar que a neuroarquitetura trabalha ambos os lados no desenvolvimento de sensações.

Esse é um dos motivos pelos quais a neuroarquitetura torna-se tão importante para a sociedade. E o seu trabalho acaba indo além de espaços estéticos, entrando no cerne de detalhes simbólicos. Assim, é possível afirmar que a neurociência trabalha com o mapeamento cerebral do seres humanos, entendendo quais são os estímulos e ativações que o órgão recebe.

Por exemplo, um prédio cujo projeto arquitetônico consegue estimular a calma não tem nada a ver com um projeto que estimule angústia, não concordam?

A ciência em questão acaba trabalhando com conceitos e encontra os caminhos que afetam diretamente a produtividade, a criatividade ou outras sensações. Assim, ela ajuda a comprovar que os elementos arquitetônicos conseguem ativar efeitos colaborativos no cérebro.

Interações da neuroarquitetura com o ambiente exterior

Nos últimos anos, os estudos e as reverberações da neuroarquitetura vêm ganhando mais espaço no que se refere compreender a importância dos espaços exteriores e como eles afetam diretamente no funcionamento do cérebro. Isso vem se tornando tão fundamental quanto, por exemplo, carregar a bateria do seu celular ou notebook para o seu funcionamento. 

E somente a natureza dá ao cérebro essa possibilidade de recarregar as energias. Ou para se desconectar. Outro elemento presente para se desconectar é oferecido através do córtex auditivo. Esta área do cérebro é o dispositivo fundamental para ocupar e interpretar as vibrações de som que são percebidas pelos humanos.

Por exemplo, quando uma pessoa está na ativa e ouvindo músicas que lhe trazem boas lembranças ou que lhe agradem, uma quantidade extra de dopamina é liberado. Este hormônio é fundamental para oferecer concentração em atividades rotineiras, como no exercício do seu trabalho. 

Quer entender como a arquitetura pode causar um efeito no nosso bem-estar? Então continue a leitura!

A arquitetura pode causar um efeito no nosso bem-estar?

Existem muitos exemplos da neuroarquitetura que podem exemplificar como certos elementos arquitetônicos são capazes que estimular certo sentimentos nas pessoas. 

Você já ouviu falar no conjunto residencial Pruitt-Igoe?

Pruitt-Igoe
O conjunto residencial Pruitt-Igoe foi projetado por Minoru Yamasaki, arquiteto asiático que também foi responsável por desenvolver a planta das torres do World Trade Center.

O complexo residencial Pruitt-Igoe foi inaugurado no ano de 1955, no estado de Missouri, nos Estados Unidos. O empreendimento, que reunia 33 prédios em um lote, acabou sendo tombado e demolido durante a década de 1970 com o argumento de que ele aumentou a criminalidade na área.

Isso tudo porque, no complexo, vários espaços vazios ficaram entre as torres construídas. Assim, o senso de comunidade entre os moradores acabou sendo deixado de lado.

Segundo o ArchDaily: “A queda de Pruitt-Igoe acabou por significar não apenas o fracasso de um projeto de habitação pública, mas sem dúvida a morte de toda uma era de projetos modernistas“.

Considerando que a área já estava em extrema pobreza, a taxa de criminalidade no local acabou crescendo assombrosamente, assim como a segregação do complexo com outros espaços, o que também contribuiu com a reação da mídia e ao seu declínio.

Com espaços pouco utilizados, região segregada e falta de ocupação entre os próprios moradores, dá para se entender um pouco o que tornou o complexo tão marginalizado. Correto? Isso é um exemplo de como a neurociência se integra com projetos urbanísticos ou arquitetônicos.

Se a história do Pruitt-Igoe chamou a sua atenção, você pode conferir um pouco mais sobre ele nesse documentário feito pela PBS:

Agora vamos entrar um pouco mais nos principais conceitos da neuroarquitetura.

Aplicações da neuroarquitetura

Um dos principais fatores que serviram para comprovar a importância da neuroarquitetura foi a sua testagem em diferentes ambientes. Ao aplicar os conceitos descobertos e estudados, os profissionais da área poderam, de fato, evidenciar os benefícios da metodologia para o comportamento humano.

Veja em quais áreas os conceitos da neuroarquitetura podem ser aplicados:

Ambientes escolares

Ambientes escolares, como colégios, cursos ou universidades, devem oferecer aos seus estudantes, em primeiro lugar, segurança e conforto.

neuroarquitetura nas escolas
A principal preocupação da neuroarquitetura nos ambientes escolares é proporcionar um espaço que permita segurança, aconchego e bem-estar aos alunos, ao mesmo tempo, em que é necessário também fornecer aproveitamento didático para os estudantes.

Além disso, é fundamental que também consigam estimular criatividade, concentração e socialização aos alunos que se apropriam dessas unidades.

A neuroarquitetura entra aí como a facilitadora que vai aliar todos esses elementos juntos, oferecendo necessidades aos alunos e oferecendo as condições apropriadas. Para estes ambientes, é recomendando pensar nas condições térmicas, acústicas e na iluminação.

Ambientes hospitalares

Já nos ambientes hospitalates, o trabalho da neuroarquitetura acaba tendo que ser mais específico e mais representativo que o normal, já que são muitas as pessoas que evitam ou não suportam estar em hospitais e clínicas.

neuroarquitetura hospitalar
A neuroarquitetura hospitalar é fundamental para proporcionar ambientes mais humanizados aos pacientes, visitantes e profissionais.

Tornar este ambiente mais humanizado é a principal tarefa da neuroarquitetura porque, geralmente, hospitais não são agradáveis. Lar de muitas más notícias, os hospitais precisam oferecer mais sensação de acolhimento e humanização às pessoas.

Ao trabalhar a neuroarquitetura nesses ambientes, grandes benefícios serão oferecidos, especialmente, aos seus pacientes. Escolhendo as cores exatas, as sensações de estresse poderão ser diminuídas, por exemplo.

Ambientes residenciais

Sim, a neuroarquitetura também pode ser aplicada na sua própria casa. Os projetos levando em consideração a metodologia procuram harmonizar os ambientes principais do seu lar para gerar ótimas experiências para você e sua família.

Nos projetos, também é utilizado texturas, cores e aromas, além de outras técnicas que você conhecerá melhor nas próximas seções.

A criação de um bom projeto acústico, por exemplo, pode eliminar ruídos e outros barulhos que atrapalham o seu sono. Ou a harmronização de plantas com varandas e a sua sala de estar vão te dar mais calma nesses ambientes.

Ambientes corporativos

E para finalizar alguns dos tipos das aplicações da neuroarquitetura, temos aqui os ambientes corporativos.

A neuroarquitetura corporativa torna-se presente em escritórios em todo o mundo para pensar em escritórios mais estimulantes, aumentando a produtividade dos funcionários.

neuroarquitetura
A neuroarquitetura corporativa se faz necessária para se pensar em espaços corporativos mais humanizados e estimulantes.

Visualize os tradicionais cubículos dos escritórios: chatos e sem emoção. Existem também ambientes corporativos com salas brancas enormes, iluminação artificial e poucas janelas. Como se sentir energizado trabalhando em locais como essses?

A metodologia aqui será aplicada para desenvolver escritórios que atendam as necessidades psicológicas e físicas dos funcionários, com produtividade, conforto e acolhimento.

Por isso, nesse tipo de ambiente a neuroarquitetura se faz necessária para se pensar em espaços corporativos mais humanizados e estimulantes. Um espaço de trabalho que atenda as necessidades físicas e psicológicas do trabalhador, promovendo, assim, uma maior sensação de conforto e produtividade.

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Confira agora os principais pontos para aplicação da neuroarquitetura corporativa no seu escritório.

Os pontos fundamentais para a aplicação neuroarquitetura corporativa

Como você já deve ter entendido, a neuroarquitetura ajuda a pontuar alguns elementos que são fundamentais para influenciar o nosso estado mental.

Existem alguns pontos importantes que um escritório baseado em neuroarquitetura corporativa leva em consideração, como:

  • Iluminação (natural e artificial);
  • A acústica do ambiente;
  • A privacidade necessária dos seus funcionários;
  • As possibilidades de interação (entre pessoas e entre elementos);
  • Cores;
  • Isolamento acústico.

Agora, vamos te apresentar os principais fundamentos da neuroarquitetura corporativa para que você implemente dentro do seu escritório, resultando em mais produtividade para a sua equipe. Continue a leitura para aprender!

1. A escolha de cores

Os efeitos das cores na psicológia são muito conhecidos. Por exemplo, as cores utilizadas na logomarca da rede de fast-food McDonald’s, vermelho e amarelo, remetem à urgência e provocam fome. Tanto é que o seu uso é um dos fatores principais no marketing e na publicidade.

neuroarquitetura 2
Tons pasteis são preferíveis em salas individuais de escritório, pois causam sensação de calmaria.

Por isso, são indicados alguns conceitos da psicologia das cores para o estudo de caso de neuroarquitetura corporativa do seu escritório.

É possível notar que grande parte dos escritórios atuais utilizam uma paleta de cores neutras, trazendo bastante elegância, ao mesmo tempo que também aplicam cores fortes, para imprimir mais “calor”.

neuroarquitetura corporativa escritório colorido de amarelo
Geralmente, empresas que trabalham com a indústria criativa, como agências de publicidade ou startups, optam pela cor amarela em seus ambientes pela sensação de juventude.

Seguem algumas boas orientações de como seguir com a escolha de cores para o seu escritório:

  • Tons pasteis ou claros: ajudam a transmitir tranquilidade e calma, e aumentam a sensação de ampliar os ambientes. Entretanto, é necessário muita cautela ao utilizar essas cores. Pois, se usadas em exagero, podem causar a sensação de monotomia e de frieza.
  • Tons vibrantes: cores como rosa choque, amarelo cintilante e verde forte são geralmente relacionados à criatividade, dinamismo, aventura e juventude. Entretanto, evite abusar das cores para transformar no seu escritório em um ambiente pesado e cansativo.
  • Tons escuros: cores clássicas que expressam seriedade são boas pedidas para ambientes muito grandes. Se o seu escritório for pequeno, use-os com cautela para evitar a sensação de sufocamento.

A principal dica que damos para catapultar a produtividade dos seus funcionarios é utilizar tons vibrantes perto das estações de trabalho!

2. Uso de iluminação natural

Outro grande pilar da neuroarquitetura corporativa é a iluminação. Não é nem preciso mencionar quão importante é trabalhar em um ambiente iluminado. Além dos atributos óbvios, como conforto e qualidade de trabalho, a iluminação também está diretadamente ligada a sensações que trazem prazer ao ser humano, como o aconchego.

janelas de um escritório moderno

E no que se diz respeito à iluminação, a do tipo natural é a mais importante. Isso porque é um grande fato que nós precisamos de iluminação solar para produção de vitamina D e liberação de melatonina (hormônio responsável por induzir a produção do sono).

A falta de luz solar também pode acarretar em problemas sérios, como transtornos clínicos mentais de ansiedade e depressão. Inclusive, aqui vai um dado muito triste: Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com mais casos de depressão e ansiedade da América Latina. E ambas doenças são as que mais influenciam a incapacidade de pessoas, e estão conectadas ao espaço corporativo.

A neuroarquitetura corporativa procura valorizar as entradas da luz natural nos escritórios.

Sem contar que, o nosso corpo é programado para receber iluminação solar, acelerando as nossas atividades vitais cotidianas e melhorando até mesmo o nosso humor. Em um escritório, isso não seria diferente.

Por isso, a neuroarquitetura corporativa procura valorizar as entradas da luz natural nos escritórios: claraboias, aberturas horizontais ou verticais nas paredes, colocar mesas próximas a janelas, entre outros.

Outro grande benefício da estratégia decorativa será, sem surpresa alguma, a economia de energia.

3. O uso de iluminação artificial

Em contraste com a iluminação natural, a iluminação artificial também se faz, obviamente, necessária a escritórios. Considerando os diferentes tipos que podem ser utilizados e disponíveis no mercado (brancas, amarelas, entre outras), devemos utilizar a sua aplicação levando em conta alguns fatores importantes.

luz neuroarquitetura
Outro grande ponto na qual a iluminação torna-se tão primordial nos ambientes de trabalho é no conforto dos funcionários: luzes fracas acarretam em problemas de visão, atrapalhando a produtividade (e o bem estar da equipe).
  • Lâmpadas frias: as tradicionais lâmpadas brancas produzem no ser humano um estado de alerta. Salas de reunião, por exemplo, precisam de um ponto de iluminação forte para causar foco e atenção, importante durantes tomadas de decisões, negociações, clareza e transparência.
  • Lâmpadas quentes: já as lâmpadas quentes, aquelas com tons amarelados, transmitem para o nosso cérebro sensação de tranquilidade e até mesmo de aconchego. Com essas caractéristicas, elas são ótimas para uma sala de espera, por exemplo, justamente por conta da sensação de acolhimento que transmitem.

Independente de sua escolha, é recomendado ter cuidado com os excessos. Como você já pode ter entendido até aqui, não é interessante provocar demasiamente qualquer tipo de emoção nas pessoas. Sendo assim, é recomendado a criação de ambientes com padrões de iluminação mistos.

Crie diferentes atmosferas na sua unidade de trabalho, mesclando luzes diferentes em partes complementares – ou opostas – do escritório. Também é fundamental a concepção de áreas de descompressão com luzes quentes (tons amarelados) para oferecer a possibilidade de redução do estresse, além de catapultar os níveis de produtividade e criatividade dos funcionários. Isso sem contar na concentração que será obtida por eles!

4. O isolamento acústico dos ambientes

O que desperta mais vivacidade no seu humano do que o som? Forte influência no rendimento e bem-estar das pessoas, em geral, o som também é um aliado no dia a dia em um escritório. Por isso, torna-se tão fundamental estar de olho no isolamento acústico dos ambientes ao se pensar em neuroarquitetura corporativa.

neuroarquitetura acústica
Segundo orientações, o nível de decibéis (que correspondem, aqui, aos ruídos e barulhos feitos nas unidades) deverá estar entre 60 e 65 decibéis. Este volume não está diretamente voltada ao humor dos colaboradores, como também a sua saúde física.

Com a intenção de dar mais vida a um escritório, existem uma série de empresas que acabam optando pelo som ambiente com o argumento de que a acústica desse tipo promove tranquilidade e conforto. Caso esse venha a ser um desejo seu, tenha cuidado, primeiramente, em entender e procurar conhecer a natureza da sua companhia para aliar as atividades e cotidiano com um som ideal. 

Mas entenda que nem sempre esse vem a ser o caso. Em uma loja de roupas, por exemplo, o interessante é que a empresa ofereça uma playlist moderna, interessante e descolada para empolgar seus funcionários e, dessa forma, incentivá-los a buscar novas vendas. Em um escritório isso já não é possível, pois, o cerne das atividades estará focada em tarefas que demandem concentração, conforto auditivo e tranquilidade.

Uma das exigências da neuroarquitetura, especialmente destacando a questão do conforto acústico, é a flexibilidade dos ambientes.

Segundo orientações, o nível de decibéis (que correspondem, aqui, aos ruídos e barulhos feitos nas unidades) deverá estar entre 60 e 65 decibéis. Essa faixa, ao ser ultrapassada, provoca sensações não tão prazerosas aos membros da sua equipe: mudanças súbitas de humor, queda da produtividade e, em algumas situações mais extremas, culminando na execução incorreta das atividades.

5. A interação do dia a dia

Como assim a interação é algo que importa ao montarmos um projeto voltado à neuroarquitetura empresarial? A título de curiosidade, o aspecto é tão importante que é preciso ter, pelo menos, dois tipos de ambientes que são indispensáveis no seu projeto: os ambientes colaborativos e os ambientes de descompressão.

Procure desenvolver ambientes que promovam a interação entre os membros da sua equipe. Dessa forma, você terá um time mais coeso e colaborativo.

Segundo estudos, essas duas áreas tornam-se extremamente fundamentais para os colaboradores, tendo influências diretas na postura individual de cada funcionário. Neles, os membros de sua equipe se sentirão mais descontraídos, obtendo uma nova visão em relação à companhia. Assim, você poderá notar um crescimento nos níveis individuais de criatividade e engajamento.

Até mesmo o posicionamento destes espaços serão determinantes no seu projeto. A melhor estratégia é fixá-los em áreas comuns próximas aos funcionários, dessa forma, impulsionando mais comunicação direta e interação entre a sua equipe. Isso tudo é promovido pensando em seus funcionários, pois, acredite, eles são o maior trunfo da sua corporação.

6. Privacidade

A dimensão do espaço individual de cada funcionário em um escritório também é um dos pontos em que a neuroarquitetura corporativa pensará. De acordo com alguns estudos, foi comprovado que cada funcionário deve ocupar, em sua estação de trabalho, o espaço de 1,20 metro. Assim, mesas ou gabinetes de trabalho que são menores que essa medida preestabelecida podem causar sensação de claustrofobia nos indivíduos, por exemplo.

neuroarquitetura 12
Alguns escritórios estão promovendo privacidade em seus espaços com a utilização dos Phone Boths ou cabines de vidro, pensando em ergonomia, espaço e neuroarquitetura corporativa.

É importante pensar em espaços individuais delimitados para a realização de reuniões virtuais, calls, conferências, leituras e, principalmente, ligações particulares. Até em ambientes como os open offices, escritórios abertos, devem pensar na privacidade de cada um dos funcionários, levando em consideração que privacidade também é um fator determinante para aumentar a concentração individual.

7. Olfato

Sim, sei que parece difícil acreditar, mas o olfato torna-se um elemento importante na neuroarquitetura, considerando que os cheiros estão intrínsecos aos sentimentos dos humanos. Dessa forma, devem ser criados espaços que evitem a pungência e a emissão de outros odores fortes.

neuroarquitetura aromas
Trabalhar com aromas em um projeto neuroarquitetônico é ter a possibilidade de oferecer espaços verdes em seu ambiente. Este também funcionarão como áreas terapêuticas.

O que se recomenda, é tornar um ambiente o mais “neutro” possível no que se tange o seu aroma. Especialmente porque os cheiros possuem um caráter muito pessoal, o que pode agradar alguns – mas desagradar outros.

Aliado ao olfato, podemos também destacar os espaços verdes. Os espaços verdes são áreas de um escritório preocupadas em oferecer bem-estar aos funcionários com o auxílio e a presença de plantas dentro da unidade. Segudo estudos, a interação dos humanos com plantas estimula o relaxamento individual. Por isso, muitos escritórios colocam vasos suspensos, jardins verticais, miniplantas, entre outros. 

Em resumo, podemos dissecar os principais pontos considerados pela neuroarquitetura corporativa nos seguintes princípios:

  • Sensação e percepção: a concentração humana está diretamente ligada na visão e no olfato;
  • Aprendizado e memória: a atenção nas formas e movimento;
  • Tomada de decisões: o foco está direcionado na redução do número de pequeas decisões que temos de realizar ao longo do dia, assim, diminuindo o estresse;
  • Em experiências: reorganizar elementos decorativos ou em selecionar cores que darão o toque aos espaço.

Agora, você vai entender um pouco sobre as principais vantagens de aplicar a neuroarquitetura corporativa ao seu escritório. Acompanhe a leitura para saber mais.

As vantagens de aplicar a neuroarquitetura corporativa no seu escritório

Se muitos escritórios aplicam essas regras, procuram contratar profissionais renomados para aplicá-las ou se a neuroarquitetura tornou-se um campo indispensável em seu seguimento, é porque são inúmeros os benefícios que um layout bem-planejado darão ao seu ambiente de trabalho.

Nesta seção, vamos apresentar os maiores benefícios que a neuroarquitetura corporativa poderá oferecer aos ambientes que aplicam as sugestões de layout estudadas pela metodologia, e os principais resultados no cérebro humano. Acompanhe:

Mais perspectiva emocional

Como mencionamos anteriormente, a neuroarquitetura existe, principalmente, para transformar o que sentimos e os nossos sentimentos conforme remodelamos os espaços que ocupamos.

Você não concordaria se afirmassem que é impossível trabalhar ou estudar em um ambiente sem graça, escuro e pesado? Pois é! Isso faz muito sentido, especialmente tendo em vista  tudo o que você pôde absorver até agora com a metodologia apresentada.

neuroarquitetura
Painéis, objetos pessoais e outros podem estimular a criatividade dos funcionários no escritório.

A partir dessa visão, podemos remodelar os ambientes fazendo com que eles nos deixem mais motivados. Aplicando esse conceito aos escritórios, principal ponto deste texto, você pode construir um ambiente de trabalho mais estimulante com painéis, luminárias, poltronas, objetos pessoais, entre outros itens que serão capazes de estimular a criatividade dos funcionários.

E, ao não exagerar na adição destes mesmo itens, você deixará a identidade visual da sua empresa intacta.

Conforme foi dito anteriormente, ao escolher as cores do escritório é indicado cautela para não exagerar em paletas de diferentes tonalidades para não carregar o ambiente com excesso de informações. Entretanto, é pouco sabido que você pode alinhar objetos estimulantes com as cores da sua repartição.

Ambientes mais humanizados

Outra grande proposta oferecida aos ambientes graças à neuroarquitetura corporativa é a possibilidade da metodologia de proporcionar ambientes mais humanos. Dessa forma, os escritórios, por exemplo, não promoverão somente o bem-estar da equipe, como também serão responsáveis pela socialização do time, sendo este uma das condições mais valorizadas entre os adeptos da metodologia.

divisória de vidro neuroarquitetura
Com divisórias transparentes, os funcionários já não se veem mais tão perdidos no ambiente corporativo. A visão também será bastante acolhedora.

Divisórias transparentes ou de vidro entre as unidades de trabalho vão permitir separação dos setores ao mesmo tempo que integrará a comunicação interna da companhia, graças a mistura de separação e visão.

Será possível também observar a movimentação do escritório, evitando que você se veja incomunicável com o restante da equipe.

Produtividade e conforto ao alcance de todo mundo

Existe algo pior do que ficar o dia em uma cadeira desconfortável tendo que fazer suas entregas e desenvolvendo projetos? Ou em uma sala com a iluminação falhando e pouca circulação de vento? Essas situações podem ser bem comuns em qualquer ambiente corporativo. 

Ao nos depararmos com o conceito de neuroarquitetura corporativa, absorvemos que todos os detalhes e planejamento são elaborados visando oferecer conforto para os funcionários. Assim, em um escritório muito bem pensado, os problemas supracitados serão reduzidos ou até mesmo inexistentes.  

escritórios desenhados
A neuroarquitetura surgiu para facilitar e tornar o cotidiano menos maçante, especialmente em locais onde exercemos algum tipo de atividade profissional.

Quando estamos localizados em um ambiente que oferece estrutura, bem-estar, conforto, comodidade e segurança, conseguimos produzir melhor, produzir mais e produzir com foco.

Assim, fica fácil dar o melhor de si quando sabemos que estamos em um local que nos acolherá com qualidade. Aliás, sabe outro ponto a favor da neuroarquitetura dentro das empresas? O estresse, o mau-humor e a instabilidade poderão ser combatidos com o conforto desses ambientes.

Mais qualidade de vida no trabalho

Como já mencionamos anteriormente, passamos muito tempo do nosso dia em escritórios, em prédios e no nosso trabalho. Cerca de, no mínimo, 8 horas por dia. Por isso, é necessário que tenhamos um ambiente ideal, já que um terço do nosso dia está totalmente voltado para a vida em escritório.

neuroarquitetura b
Imagina quão frustrante e problemático é estar em um ambiente já contando as horas que faltam para que possamos sair de lá? Pois é, nada agradável!

Precisamos estar em um ambiente saudável e sociável para que possamos estar diariamente estimulados a exercer o nosso ofício, e inspirados o suficiente para que possamos retornar a ele no dia seguinte. Para isso, não é preciso fazer muita coisa no seu escritório, nenhuma grande revolução. Remodele aspectos e ambientes específicos e, aos poucos, vá adaptando os espaços remanescentes. 

Reorganizar as estações de trabalho já ajudam a oferecer mais interação entre os integrantes da equipe. Outras dicas que você pode sugerir para melhorar os espaços é renovar a pintura e as cortinas. Com esses dois simples passos, você já consegue, de certa forma, melhorar o astral.

Outra dica é tentar oferecer cadeiras ergonômicas para todos os funcionários. Leia mais sobre os melhores modelos aqui!

Melhorias no aprendizado

São em salas amplas onde as pessoas se sentem mais concentradas e com mais foco. Neste ambientes, é possível notar a entrada de luz natural e circulação pelo espaço. Assim, eles conseguem proporcionar às pessoas novas habilidades e absorção de novos conhecimentos, graças ao nosso cérebro, que fica mais focado.

Invista em móveis funcionais, que se adaptem bem aos espaços da sua empresa, cores neutras e cortinas leves. Pois, mesmo se as dimensões de um espaço não forem tão grandes assim, você pode otimizar o ambiente que você ocupa. Assim, eles trarão mais conforto visual e facilitará a entrada de luz solar.

Conclusão 

Lembra do que avisamos no começo do texto, que o conceito de neuroarquitetura estava longe de ser um bicho de sete cabeças? Pois é, a metodologia não é tão complexa quanto muitos imaginam que seja. Muito pelo contrário!

Os estudos surgiram como uma forma de facilitar e otimizar o cotidiano das pessoas através de reformulações no ambiente. Seja na sua casa, na escola, nos hospitais ou nos escritórios, estar inserido em um ambiente que ofereça conforto e bem-estar irá afetar diretamente o seu cérebro. 

Principalmente no que se refere os ambientes de trabalho, a neuroarquitetura corporativa influenciará bastante nas relações pessoais e profissionais no escritório. E saber que são várias as empresas que já estão pondo em prática os seus conceitos, tornam-se claros os frutos que são colhidos – tanto no seu clima organizacional, como também no caixa. 

Considerando os atuais períodos de cortes de gastos e crise, destacar-se no mercado exige maior comprometimento e produtividade dos funcionários. Por isso, a neuroarquitetura corporativa funciona como uma ferramenta a mais para catapultar o rendimento da sua empresa. 

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