A existência dos escritórios no período pós-pandemia tem sido colocada em xeque por diversas pessoas. Profissionais dos mais diversos setores temem que haja uma debandada dos ambientes administrativos em direção ao trabalho remoto. A notícia, obviamente, assusta aqueles que vivem da locação desses espaços.
A realidade, entretanto, não parece seguir esse pensamento, caminhando para uma solução mais intermediária. Pelo menos é isso o que indica um estudo realizado pela Cushman & Wakerfield. De acordo com o documento, baseado em dados coletados em 2020, a situação poder ser diferente do que se espera.
Para chegar a essa conclusão, a empresa de serviços imobiliários com sede em Chicago entrevistou 158 executivos brasileiros. Dentre eles, estavam representantes de companhias com 100 a mais de 5 mil colaboradores e que, assim, ocupavam espaços de 250 a 5 mil metros quadrados. Por fim, participaram setores como financeiro, comércio, jurídico e entretenimento.
Para entender os resultados do estudo e o que ocorrerá com os escritórios no mundo pós-pandemia, porém, é preciso analisar também outros dados. Assim, confira abaixo um diagnóstico da atual situação do país e como isso influenciará o futuro dos ambientes corporativos.
Os efeitos da pandemia nos escritórios comerciais
Quando a pandemia do novo coronavírus se iniciou, ninguém sabia ao certo quais seriam seus efeitos. Mais do que isso, poucos eram os que esperavam que duraria mais de um ano. Isso, na prática, fez com que muitas coisas mudassem, tanto no ambiente familiar quanto no profissional.
Focando neste segundo, diversas companhias tiveram que fechar suas portas — mais de 500 mil em todo o Brasil. Das que restaram, grande parte precisou interditar seus escritórios e adotar o trabalho remoto para todos seus colaboradores. Algumas já estavam acostumadas à estratégia, enquanto outras tiveram que se adaptar rapidamente.
Com todas essas mudanças, trabalhadores que estavam acostumados a frequentar os escritórios passaram a trabalhar de casa. De positivo, perceberam o maior contato com a família, mais tempo livre e menos no trânsito. De negativo, porém, ficou clara a necessidade de interação com os colegas e a dificuldade de concentração em casa.
Tendo isso em mente, as grandes corporações começaram a se movimentar para descobrir o melhor caminho. Iriam elas investir no home-office ou trariam o trabalho presencial assim que possível? A dúvida perdurou na cabeça de executivos por meses, e isso é o que comprova os dados que você verá mais abaixo.
A solidificação do Home-Office
Como explicado acima, o embate entre o trabalho presencial e o remoto cresceu cada vez mais. De um lado, os que defendiam a possibilidade de exercer suas funções do conforto de seu lar. Do outro, aqueles que não se sentiam motivados em casa, precisando ir ao escritório para cumprir com suas atividades.
Nesse momento, empresas que nunca haviam utilizado do home-office liberaram a opção a seus colaboradores. Com isso, acabaram por perceber que a tecnologia possibilita, hoje, que as tarefas sejam executadas da mesma maneira, independentemente da localização de cada um.
Pelo menos foi isso que o estudo da Kushman & Wakerfield analisou. Mais da metade dos entrevistados, ou 68% deles, afirmou que a produtividade se manteve ou até aumentou. Isso, afinal, era tudo que as empresas precisavam para começar a ver com bons olhos a estratégia.
Ao mesmo tempo, foi possível analisar uma diminuição nos custos fixos da companhia, especialmente com luz, internet e outros pontos. Assim, a escolha pelo trabalho deixou de ser apenas de ponto de vista, passando a ter uma forte influência financeira.
Foi aí que, ao perceber essas vantagens para as companhias, muitos concluíram que o home-office vinha, enfim, para ficar. Mesmo com seus pontos negativos, era chegada a hora de liberar os colaboradores para trabalharem de casa e fechar todos os escritórios. Simples, barato, prático e justificável. Pelo menos era isso que achavam.
Necessidade de interação e contato físico
Em um primeiro momento, a grande maioria dos trabalhadores acolheu o trabalho remoto como sua nova realidade. Podiam acordar mais tarde, vestir roupas mais confortáveis, não ficavam presos no trânsito. Com o passar do tempo, porém, perceberam que nem só de boas notícias era feito o home-office.
Ficar trancado em casa — ainda mais com a quarentena vigente — trouxe danos psicológicos a diversos trabalhadores. Ansiedade, depressão e outras doenças começaram a aparecer, principalmente pelo receio da situação e a falta de contato. Faltava a interação com os colegas, o café no meio da tarde, uma conversa rápida.
Além disso, ficou clara a dificuldade que é dividir o espaço de trabalho com sua família. Intromissões a toda hora, vizinhos reformando, crianças brincando na rua, cachorro latindo. Inúmeros são os fatores que tiram a concentração dos colaboradores e, assim, os impedem de realizar suas tarefas corretamente.
De repente, o paraíso não era tão bom quanto se imaginava. Do nada, a rotina que tanto reclamavam era um sonho distante. A volta ao escritório no período pós-pandemia passou a ser uma solicitação. Esta, porém, não era mais uma escolha deles, e sim das empresas, que ainda contavam com espaços destinados a isso.
O surgimento do trabalho híbrido e suas vantagens
Dito tudo isso, chega o momento de analisar, portanto, qual a melhor solução para os escritórios no período pós-pandemia. Afinal, os espaços ainda existem, e há sim uma necessidade de mantê-los. Menores, maiores, de igual tamanho, as possibilidades são extensas, mas a realidade é essa.
Uma alternativa discutida, então, é a do chamado trabalho híbrido. Nesta opção, os colaboradores terão que frequentar os ambientes corporativos, mas poderão também exercer o home-office em algumas ocasiões. Voltando ao estudo feito pela Cushman & Wakerfield, é possível entender melhor como se dará esse retorno.
De acordo com a pesquisa, 56% dos entrevistados afirmaram que não utilizavam o trabalho remoto, mas o adotarão a partir de agora. Mesmo que isso faça parecer que o trabalho presencial deixaria de existir, outros dados dão a entender que a realidade é bastante diferente.
Ainda neste tópico, 42% disseram que, no caso de trabalho híbrido, oferecerão o home-office entre 2 e 3 dias por semana. Dessa forma, mesmo com a adoção da modalidade, ainda assim será necessário um espaço físico. Afinal, no restante dos dias, a empresa terá que prover um ambiente para que seus colaboradores possam trabalhar.
Com isso, ainda que de forma diferente, os escritórios continuarão no mundo pós-pandemia, ainda que diferentes do que eram antes.
O futuro dos escritórios no pós-pandemia
Ainda que a existência dos escritórios no período pós-pandemia já seja uma realidade, há muitas dúvidas sobre o assunto. Diversas pessoas ainda acreditam que, ainda que se mantenham vivos, eles serão cada vez menores. Outros entendem que deverão passar por adaptações para a saúde e o bem-estar dos colaboradores.
No geral, a experiência com o home-office foi considerada positiva pelos entrevistados do estudo. 29% deles afirmaram que esta foi totalmente positiva, enquanto 54% disseram que apresentou mais pontos positivos do que negativos. Apenas 1% dos executivos entenderam que o processo foi totalmente negativo.
Mesmo com esses valores, a ideia de retornar ao ambiente corporativo se manteve em todos os casos. Como explicado, alguns voltarão ao esquema normal, enquanto outros optarão pelo trabalho híbrido. Em ambos os casos, entretanto, observa-se uma preocupação com esse espaço.
Com vistas aos novos padrões de segurança vigentes, o distanciamento social se torna uma nova realidade. Tendo isso em mente, 42% dos entrevistados confirmaram que apenas farão as mudanças durante a pandemia. 27% deles, porém, afirmam que as alterações serão definitivas.
A respeito do trabalho dos escritórios, a pesquisa volta a romper com a sabedoria popular. Dos empresários consultados, 59% indicam que não pretendem diminuir seus espaços de trabalho físico. Destes, 37% afirmam que essa realidade não ocorrerá em suas empresas nos próximos anos.
Como desenvolver escritórios no período pós-pandemia?
Como visto nos dados apresentados pelo estudo, a visão de que empresas deixarão os escritórios no pós-pandemia não bate com a realidade do país. Ainda seguindo a lógica da pesquisa, é preciso, porém, investir no espaço de trabalho para que toda a equipe esteja segura. Esse processo, entretanto, deve ser feito sempre junto a especialistas.
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